Muitos leitores que estão acostumados com o Capitão Marvel clássico da Fawcett notam a mudança de personalidade do herói na DC. Durante o pré-crise (período do herói na DC: 1972-1985), o Capitão Marvel mantinha praticamente a mesma personalidade na Terra-S que ele tinha na Fawcett (período de 1940-1953), mas depois de crise, a DC mudou completamente o herói, deixando-o com a mentalidade infantil mesmo na forma heroica. Isso destoa o personagem.
O Capitão Marvel da Fawcett mesmo tendo um tom cômico e sátira, ele mantinha a personalidade heroica, agia como adulto, mesmo Billy que era uma criança, ele também agia como um adulto, afinal ele era responsável, trabalhava. Esse era um dos motivos do sucesso do personagem: um herói que era criança que agia como adulto, responsabilidade, lembrando que na cultura americana da época os meninos eram ensinados a serem independentes desde de cedo e aprender amadurecer. Desse modo, o Capitão Marvel era um escapismo para esses leitores, pois representava aquilo que eles se identificavam. Billy era órfão, se virara para sobreviver, até que ganhou seus poderes, mas mesmo assim, graças a seu esforço, ele arrumou trabalho com o Sr. Morris Sterling e era responsável. Os meninos da época se identificam com o personagem, pois os anos 40 eram difíceis, mas tinham que ser responsáveis como Billy.
Mas, vamos para o que interessa, a personalidade do Capitão Marvel original na Fawcett e DC em suas origens (1º aparição em cada fase).
Em Whiz Comics #2 de 1940 é apresentado Billy Batson vivendo na estação de Metrô e vendendo jornais para sobreviver. Quando ele é agraciado com os poderes divinos, o Capitão Marvel é cheio de respeito pelo mago Shazam, depois o menino conseguiu um emprego graças ao seu alter ego. As aventuras do herói levavam o Billy nas mais inusitadas situações onde ele as narrava nas noticias do rádio. A origem do Capitão Marvel foi produzida por Bill Parker & C. C. Beck. O mago era uma figura paterna para a Família Marvel.
Em Shazam! #1 de 1973, o Billy Batson quando estreou na DC, ele relembrou sua origem e novamente é mostrado o respeito que ele tinha pelo mago Shazam. A Terra-S era uma espécie de continuidade do universo Fawcett na DC. Essa aventura foi escrita por Denny O'Neil & C. C. Beck.
Em Secret Origins: Shazam! v3 #3 de 1986, houve uma série de recontar as origens dos principais super-heróis da DC e um deles foi do Capitão Marvel. Nessa nova origem mais moderna, Billy ainda mantinha sua própria mente quando transformado, algo diferente da Fawcett onde o Billy e o Capitão Marvel eram tratados como separados apesar de estarem no mesmo corpo, inclusive podiam conversar um com o outro. Esse retcon foi produzido por Roy Thomas. Esse Capitão Marvel ainda tinha algum respeito pelo mago Shazam, mas nesta versão começou a imaturidade e inexperiência do herói, algo que a DC seguiria pelos anos.
Em Shazam! The New Begining de 1986, Billy teve novamente sua origem recontada: nela ele ainda mantinha respeito pelo mago, mas sua imaturidade e inexperiência eram mais evidentes ainda. Esta versão também foi produzida por Roy Thomas (& Dann Thomas).
Na aclamada Graphic Novel The Power of Shazam! de 1994, o herói teve novamente sua origem recontada, nesta versão ele já não tinha tanto respeito pelo mago, chegando ser agressivo com ele e era bastante imaturo (isso porque ele ainda não conseguia controlar seus poderes). Mesmo Jerry Ordway tendo se inspirado nas origens clássicas da Fawcett para sua versão, aqui ele seguiu a versão de Roy Thomas.
Em Shazam! The Monster Society of Evil 2007, novamente é feito outra origem para o herói, nesta versão o Billy mostra respeito pelo mago tal como na Fawcett, mas também é um pouco imaturo. Essa origem foi produzida por Jeff Smith.
Em Shazam! de 2013 (apresentado originalmente nas paginas da Justice League), Geoff Johns deu uma repaginada no herói, mudando bastante o visual e personalidade do heroica do Billy. O caráter de Billy é meio duvidoso, quase um delinquente, mas que aos poucos vai melhorando. Ele é bem imaturo e inexperiente com seus poderes.
Como podemos perceber, o Capitão Marvel clássico foi cada vez mais sendo descaracterizado pelos retcons na DC, afastando-se de sua personalidade original Fawcett. A modernização do personagem é necessário para mantê-lo relevante, até porque o público muda com o passar das décadas assim como o teor das histórias (algo que é preciso fazer para os personagens antigos pra não ficar defasado). Mas, no caso do Capitão Marvel é sempre para o pior, sempre para infantiliza-lo. Todas as versões pós-crise da DC seguiu a versão de Roy Thomas. A DC tenta distanciar o Capitão Marvel do Superman, mas é algo que não precisa, afinal os dois se inspiraram (o Capitão Marvel surgiu muito por conta do Superman, é verdade inegável, mas o herói da Fawcett inspirou muito dos elementos embutidos nas aventuras do Homem de Aço), ambos podem brilhar nas mãos de bons roteiristas (ex: Alex Ross e Paul Dini fizeram um excelente trabalho com o Capitão Marvel).
A Warner/DC produziu um documentário sobre a história do herói (que era intitulado "Shazam" na época) desde os tempos Fawcett até os dias atuais e sua comparação com o Superman:
Documentário produzido em 2020 sobre o Capitão Marvel/Shazam pela Warner/DC.
Depois de "Shazam! The New Beginning", o Black Adam teve a origem revisada em "The Power of Shazam!". Nessa versão Teth-Adam era filho do faraó egípcio Rameses II e foi escolhido pelo mago Shazam que era alto-sacerdote, por sua justiça e decência. Theth-Adam foi rebatizado como Mighty-Adam e ele estava sempre sendo guiado pelo mago para ajudar as pessoas. Ele ganhou alto status perante o faraó. Depois da morte do faraó, o mago Shazam deixa o reino na proteção do Mighty-Adam e parte. Então, Blaze disfarçada de humana se coloca no caminho do herói para ser salva por ele. Ela o seduz e o convence a tomar o lugar do novo faraó e ele assim faz. O mago Shazam retorna depois de saber da traição do Mighty-Adam, e ele drena os poderes do antigo pupilo colocando-os no amuleto do escaravelho. Assim que o processo termina, Mighty-Adam seca devido a ação do tempo. Ele é nomeado Khem-Adam e foi enterrado no templo de Rameses em Abu Simbel. No sarcófago foi colocado o amuleto do escaravelho.
Séculos mais tarde, Silvana financia uma expedição ao Egito em Abu Simbel sob os cuidados de Marilyn, Clarence Charles Batson (esses dois são os pais de Billy Batson) e Theo Adam. Theo Adam era inescrupuloso. Após uma descoberta os três entram numa câmara com o símbolo do raio. Theo Adam toca e é atingido. C. C. Beck pronuncia os hieróglifos pronunciando "Shazam" e outra câmara se abre. Os três entram e o Theo Adam vê o sarcófago com o amuleto do escaravelho. C. C. Batson vê o espírito do mago Shazam. Theo Adam toma para si o escaravelho e eles se desentendem, brigando. O colar se quebra e parte fica com Theo Adam e parte com Marilyn, e ela foge dali. Após uma breve luta, Theo Adam finge desistir do artefato e mata C. C. Beck na traição. Ele corre atrás de Marilyn, mas ela já havia escondido sua parte no boneco do tigre Tony. Mais tarde Theo Adam encontra parte do amuleto de escaravelho com Silvana e toma para si, ele grita "Shazam" e se transforma novamente em Black Adam. Ele é derrotado pelo Capitão Marvel, então, o mago Shazam tira a memória dele e suas cordas vocais, que mais tarde são restauradas por Blaze. Blaze releva para o mago Shazam que ela corrompeu a palavra "Shazam" que levou Black Adam a se voltar para o mal. Nessa versão ele era a encarnação de Khem-Adam e ele tinha uma irmã chamada Sarah Primm. É revelado, nessa fase, que Theo Adam e Black Adam são personalidades separadas, distintas. Foi a partir dessa versão que Black Adam passou de vilão para anti-herói. Fotos de Internet.
Teth-Adam foi escolhido pelo mago Shazam por seu caráter, mas os poderes divinos dele são corrompidos por Blaze.
Ela o seduz e o engana fazendo-o cometer atos horrendos, ele é derrotado pelo mago Shazam.
Na sua nova encarnação ele tinha uma irmã: Sarah Primm. Como visto em The Power of Shazam #10 de 1995.
Marilyn e C. C. Batson com Adam no Egito numa expedição financiada pelo Silvana. O nome do pai do Billy é uma homenagem a um dos criadores do personagem: C. C. Beck.
Eles encontram o símbolo do mago Shazam.
Adam tenta em vão abrir a câmara, mas C. C. Batson consegue.
Adam sem saber surta ao ver seu antigo colar de sua encarnação anterior e toma para si.
Após uma breve luta ele mata o pai do Billy.
Depois Adam vai atrás da mãe do Billy, que esconde o colar no boneco do tigre Tony.
Depois Adam encontra seu colar exposto em posse de Silvana.
Ele pega e pronuncia "Shazam".
Ele se lembra de sua vida passada. Eventos ocorridos em The Power of Shazam Graphic Novel de 1994.