Bom, como já foi mostrado aqui no blog antes, o Billy Batson já se encontrou com o Fantasma, o Mandrake e o Cavaleiro Solitário, mas de forma não oficial. Fotos de Internet.
Porém, o encontro não foi assim tão exclusivo ou uma grande novidade. Na revista Whiz Comics #57 de 1944, o Billy Batson se encontrou originalmente com o Derruba-Espião (Spy Smasher), o Íbis e o Flecha Dourada (Golden Arrow). Veja:
Na Whiz Comics #57 de 1944, o Billy se encontrou com três grandes heróis da casa: Derruba-Espião, Íbis e Flecha Dourada.
A editora espanhola Hispano-Americana de Ediciones SA resolveu adaptar essa aventura da Whiz Comics e trocou os personagens, substituindo o Derruba-Espião pelo Fantasma, o Íbis pelo Mandrake e o Flecha Dourada pelo Cavaleiro Solitário.
Pagina do El Capítan Marvel #61 de 1950.
Ambas as estórias são idênticas, exceto por esse crossover não oficial com os personagens da King Features Syndicate.
Este post é bem interessante porque quem conhece o Superman, sabe que ele trabalhou de repórter de jornal e depois foi pra TV (como Clark Kent obviamente). Fotos de Internet.
Mas, vocês sabiam que o Billy Batson foi repórter de TV muito antes do Clark Kent? Parece mentira, mas não é!
Em Captain Marvel Adventures #107 de 1950, o Billy Batson faz a primeira transmissão da Whiz TV a cores, que até então as TVs eram em preto e branco. A estação Whiz era um conglomerado.
Em Captain Marvel Adventures #107 de 1950, a Whiz TV faz sua primeira transmissão a cores e foi noticiada pelo Billy Batson.
O Clark Kent foi repórter de jornal por um bom tempo, depois também se tornou repórter de TV. Isso aconteceu em Superman v1 #233 de 1971, Clark Kent foi trabalhar no conglomerado da Galaxy, a WGBS-TV.
Em Superman #233 de 1971, o Clark Kent se tornou repórter de TV do conglomerado Galaxy.
É, o Clark Kent foi repórter de jornal primeiro que o Billy Batson, mas o último foi repórter de TV antes do primeiro. Interessante não é mesmo? E aí? Sabiam dessa? Comentem!
O post de hoje trará algumas fotos, matérias e propagandas do seriado Shazam! de 1974. O seriado do Capitão Marvel foi bem divulgado em algumas revistas da época da DC. Fotos de Internet.
Como foi dito aqui no blog o seriado foi um sucesso, graças ao carisma do trio Michael Gray (Billy Batson), Jackson Bostwick (Capitão Marvel) e Les Tremayne (o Mentor).
Foto promocional de 1974 de Jackson Bostwick como Capitão Marvel.
Foto de Jackson Bostwick como Capitão Marvel de 1974.
Jackson Bostwick como Capitão Marvel, foto de 1974.
Outra foto promocional de 1974 com Jackson Bostwick (Capitão Marvel) e Les Tremayne (o Mentor).
Foto assinada do Jackson Bostwick como Capitão Marvel de 1974.
O Capitão Marvel interpretado por Jackson Bostwick estrelou a capa da revista da DC Limited Collectors' Edition C-35 de 1975. A capa usada foi tirada da sequência da foto anterior.
A contra capa da revista ainda trazia uma pequena matéria sobre o seriado de TV.
Propaganda de revista da DC.
Pequena matéria de revista da época.
Outra propaganda do seriado de revista da DC.
Mais uma propaganda do seriado de revista da DC.
Em Amazing World of DC Comics #17 de 1978 foi publicado uma matéria sobre o seriado de 1974 e o de 1941.
Matéria da revista Amazing World of DC Comics #17 de 1978.
Foto promocional com o Les Tremayne, Michael Gray e John Davey (o segundo Capitão Marvel na série).
O Capitão Marvel (como é sabido) foi licenciado pela DC em 1972 da Fawcett, e o personagem voltou com tudo. Em 1974, a Filmation produziu o seriado icônico Shazam!. O seriado é lembrado e cultuado até hoje pra quem tem mais de 50 anos, isso porque ele passou na Globo e no SBT (nos anos 70 e 80 respectivamente). O seriado teve 3 temporadas totalizando 28 episódios, cada episódio tinha cerca de 22 minutos. Cada episódio custou $70,000 mil dólares. Nos Estados Unidos o seriado foi ao ar pela CBS, passando entre Setembro de 1974 até Outubro de 1976. Inicialmente os produtores queriam Mark Harmon para interpretar o Capitão Marvel. Shazam! Foi a primeira tentativa da Filmation de fazer uma série live-action própria. Fotos de Internet.
O ator Michael Gray interpretava Billy Batson, enquanto o Capitão Marvel foi interpretado por dois atores: Jackson Bostwick e John Davey. O mentor do Billy era interpretado pelo saudoso Les Tremayne. Billy viajava pelos Estados Unidos resolvendo problemas e ajudando as pessoas. Michael Gray tinha 24 anos quando a série começou. A série não trouxe outros personagens importantes na mitologia do Capitão Marvel como Mary Marvel, Capitão Marvel Jr, o mago Shazam ou outro, porque tinha que pagar por uso (pois eram personagens licenciados). Por isso a serie só trazia o Capitão Marvel que era o foco.
Les Tremayne, Michael Gray e Jackson Bostwick.
Les Tremayne, Michael Gray e John Davey.
O Capitão Marvel (Jackson Bostwick na foto) voava com tecnologia simples.
A produção usava cabos e um carro com câmera.
Em algumas cenas o ator era colocado na frente de uma tela com cenário em movimento para simular vôo.
Curiosamente, o seriado misturava live-action com animação, acontece que os deuses que davam poder para o Billy eram animados no seriado, o raio que o transformava também. Cada episódio terminava com um conselho do Capitão Marvel, que foram todos filmados no mesmo dia em Franklin Canyon Reservoir no Bel-Air.
Billy Batson perante os anciãos que lhe concedem o poder. No seriado eles ajudavam e conversavam com Billy. Os anciãos substituíram o mago Shazam.
O Capitão Marvel aparecia sempre no final do episódio dando conselhos.
O seriado enfrentou problemas que acabaram afetando seu desempenho e com isso a audiência. Jackson Bostwick se feriu no olho durante as gravações (ele foi ao médico que o aconselhou descanso), mas a produção achou que ele queria aumento e ele acabou sendo substituído pelo John Davey no começo da 2° temporada. Foi rápido e sem muitas explicações.
Até hoje Jackson Bostwick confirma que se machucou e tem provas do ocorrido (gravadas com sua câmera na época), mas isso arranhou sua imagem. Conta-se que ele pediu apoio de Michael Gray para que o ajudasse, mas não teve resposta (eu não posso confirmar isso, mas é o que li na internet, então tem que tomar cuidado). Jackson processou a Filmation na época e ganhou, recebendo pela série, pelo seu contrato e residuais, sua gravação caseira com a lesão no olho direito o ajudou a ganhar o caso. Atualmente Michael Gray e John Davey aparecem em eventos juntos, o que parece indicar alguma mágoa passada ocorrida entre eles e Bostwick. Mas, os três aparecem em eventos populares sobre quadrinhos e cultura geek. Jackson Bostwick esta preparado um livro contando sua experiência como Capitão Marvel e os bastidores assim como o acidente ocorrido com ele.
John Davey, segundo se conta, não queria atuar como Capitão Marvel no início, mas aceitou quando seu filho ficou entusiasmado com a ideia do pai ser o herói.
O seriado também apresentou o primeiro crossover de super-heróis na TV: que foi o encontro do Capitão Marvel com Ísis, outro seriado da Filmation. Um marco pra época.
Ísis (Joanna Cameron) e o Capitão Marvel trabalhando juntos.
Ísis e o Capitão Marvel voando.
O encontro do Capitão Marvel com a Ísis também aconteceu na HQ, em Shazam! #25 de Setembro-Outubro de 1976.
O Capitão Marvel de Jackson Bostwick é o favorito da maioria dos saudosistas americanos (quando comparado ao John Davey). A música de abertura desse seriado também foi usado no desenho Shazam! de 1981 da Filmation.
O Capitão Marvel favorito dos fãs americanos dos anos 70 é o Jackson Bostwick (considerado mais carismático que John Davey).
A abertura do seriado de 1974.
O seriado apresentou o Mentor, que era mais ou menos uma mistura de tio Dudley e mago Shazam. Ele era um amigo idoso (como Dudley) que ajudava e dava conselhos ao Billy (como o mago nos quadrinhos). Outra inovação da série televisiva foi o Eternifone (Eterni-phone no original) usado para contactar os deuses anciões. A série fez tanto sucesso que a HQ do Capitão Marvel na época acabou ficando parecida com o seriado (a partir de Shazam! #26 de Novembro-Dezembro de 1976).
Les Tremayne era um amigo e conselheiro do Billy (uma mistura por assim dizer de Dudley e Shazam).
O Eternifone estava sempre com Billy Batson no furgão na série. O aparelho era usado para invocar os anciões.
Furgão usado por Mentor e Billy na série de TV.
Na HQ, o mago Shazam doa o equipamento Eternifone para Billy se contactar com os anciões.
Billy viajava num furgão semelhante ao do seriado.
Dudley deixou o bigode crescer e ficou parecido com o Mentor.
A série Shazam! foi um sucesso e até hoje é bastante cultuada nos Estados Unidos. Michael Gray fez uma participação especial no filme Shazam! Fúria dos Deuses de 2023. Michael Gray ficou tão marcado pelo papel de Billy Batson que teve dificuldades pra arrumar papéis.
Michael Gray foi homenageado em Shazam! Fúria dos Deuses onde fez uma participação especial.
É, pode parecer estranho, mas o Billy Batson da Fawcett no início de carreira tinha algum conhecimento de hipnose. Em Whiz Comics # 20 de 1941, o menino foi capturado pelo Dr. Silvana e numa situação desesperada ele induziu um macaco a fazer o que ele desejava e assim se salvar. As aventuras da GoldenAge (era de ouro dos quadrinhos) eram simples e inocentes, tudo podia acontecer. Fotos de Internet.
Em Whiz Comics #20 de 1941, Billy estava em maus lençóis, e então ele lembra que o Capitão Marvel possui habilidades hipnóticas, ele tenta fazer o mesmo e com esforço ele consegue dominar um macaquinho afim de ajudá-lo a se libertar.
O poderoso herói da Fawcett chegou a usar essa habilidade umas poucas vezes, numa foi pra ajudar o Derruba-Espião (Spy Smasher) a se livrar do controle mental.
Em Whiz Comics #18 de 1941, o Capitão Marvel havia libertado o Derruba-Espião da lavagem cerebral que ele havia sofrido do Máscara (Mask).
Outra vez ocorreu quando ele investigava agentes infiltrados num incidente internacional. Ele fez um homem dançar de forma perfeita e exemplar.
Em Whiz Comics #23 de 1941, o Capitão Marvel usou seu poder hipnótico num homem fazendo ele dançar magistralmente.
Como podemos ver, o Billy se saiu bem na hipnose, porém, o menino e o herói usaram poucas vezes essa habilidade. Tornando-se uma habilidade esquecida. Sabiam dessa? Comentem!
A Whiz Comics #2 foi um sucesso estrondoso que catapultou o Capitão Marvel ao estrelato, indo direto no gosto popular, principalmente das crianças que era o foco das HQs na era de ouro. Fotos de Internet.
Porém, quando nós analisamos detalhadamente a revista de estreia do Capitão Marvel, veremos que a mesma é muito similar a Action Comics #1, e não é só por causa da capa.
O formato da Action Comics serviu de base estrutural para a Whiz Comics como veremos a seguir.
Action Comics trazia aventuras do super herói Superman, do cowboy Chuck Dawson, do mágico Zatara, do atleta Pep Morgan, do repórter Scoop Scanlon, do aventureiro Tex Thompson; enquanto a Whiz Comics trazia o super herói Capitão Marvel, o mago Íbis, do arqueiro-cowboy Flecha Dourada, o atleta herói Derruba-Espião, do repórter Scoop Smith, do aventureiro Lance O'Casey.
Os tipos de aventura são similares, porém a ordem da "classe" dos personagens são diferentes. E a revista da Fawcett tinha ainda o detetive Dan Dare. Das duas revistas (excluindo o Superman e Capitão Marvel), a da Fawcett tinha personagens mais populares como Íbis, Flecha Dourada e Derruba-Espião.
Outra coisa digna de nota, é que o infante Clark Kent apresentado em Superman #1 de 1939 provavelmente serviu de inspiração para o Billy Batson. Eles usavam as mesmas cores predominantes: vermelho e azul. Veja abaixo:
Muitos leitores que estão acostumados com o Capitão Marvel clássico da Fawcett notam a mudança de personalidade do herói na DC. Durante o pré-crise (período do herói na DC: 1972-1985), o Capitão Marvel mantinha praticamente a mesma personalidade na Terra-S que ele tinha na Fawcett (período de 1940-1953), mas depois de crise, a DC mudou completamente o herói, deixando-o com a mentalidade infantil mesmo na forma heroica. Isso destoa o personagem.
O Capitão Marvel da Fawcett mesmo tendo um tom cômico e sátira, ele mantinha a personalidade heroica, agia como adulto, mesmo Billy que era uma criança, ele também agia como um adulto, afinal ele era responsável, trabalhava. Esse era um dos motivos do sucesso do personagem: um herói que era criança que agia como adulto, responsabilidade, lembrando que na cultura americana da época os meninos eram ensinados a serem independentes desde de cedo e aprender amadurecer. Desse modo, o Capitão Marvel era um escapismo para esses leitores, pois representava aquilo que eles se identificavam. Billy era órfão, se virara para sobreviver, até que ganhou seus poderes, mas mesmo assim, graças a seu esforço, ele arrumou trabalho com o Sr. Morris Sterling e era responsável. Os meninos da época se identificam com o personagem, pois os anos 40 eram difíceis, mas tinham que ser responsáveis como Billy.
Mas, vamos para o que interessa, a personalidade do Capitão Marvel original na Fawcett e DC em suas origens (1º aparição em cada fase).
Em Whiz Comics #2 de 1940 é apresentado Billy Batson vivendo na estação de Metrô e vendendo jornais para sobreviver. Quando ele é agraciado com os poderes divinos, o Capitão Marvel é cheio de respeito pelo mago Shazam, depois o menino conseguiu um emprego graças ao seu alter ego. As aventuras do herói levavam o Billy nas mais inusitadas situações onde ele as narrava nas noticias do rádio. A origem do Capitão Marvel foi produzida por Bill Parker & C. C. Beck. O mago era uma figura paterna para a Família Marvel.
Em Shazam! #1 de 1973, o Billy Batson quando estreou na DC, ele relembrou sua origem e novamente é mostrado o respeito que ele tinha pelo mago Shazam. A Terra-S era uma espécie de continuidade do universo Fawcett na DC. Essa aventura foi escrita por Denny O'Neil & C. C. Beck.
Em Secret Origins: Shazam! v3 #3 de 1986, houve uma série de recontar as origens dos principais super-heróis da DC e um deles foi do Capitão Marvel. Nessa nova origem mais moderna, Billy ainda mantinha sua própria mente quando transformado, algo diferente da Fawcett onde o Billy e o Capitão Marvel eram tratados como separados apesar de estarem no mesmo corpo, inclusive podiam conversar um com o outro. Esse retcon foi produzido por Roy Thomas. Esse Capitão Marvel ainda tinha algum respeito pelo mago Shazam, mas nesta versão começou a imaturidade e inexperiência do herói, algo que a DC seguiria pelos anos.
Em Shazam! The New Begining de 1986, Billy teve novamente sua origem recontada: nela ele ainda mantinha respeito pelo mago, mas sua imaturidade e inexperiência eram mais evidentes ainda. Esta versão também foi produzida por Roy Thomas (& Dann Thomas).
Na aclamada Graphic Novel The Power of Shazam! de 1994, o herói teve novamente sua origem recontada, nesta versão ele já não tinha tanto respeito pelo mago, chegando ser agressivo com ele e era bastante imaturo (isso porque ele ainda não conseguia controlar seus poderes). Mesmo Jerry Ordway tendo se inspirado nas origens clássicas da Fawcett para sua versão, aqui ele seguiu a versão de Roy Thomas.
Em Shazam! The Monster Society of Evil 2007, novamente é feito outra origem para o herói, nesta versão o Billy mostra respeito pelo mago tal como na Fawcett, mas também é um pouco imaturo. Essa origem foi produzida por Jeff Smith.
Em Shazam! de 2013 (apresentado originalmente nas paginas da Justice League), Geoff Johns deu uma repaginada no herói, mudando bastante o visual e personalidade do heroica do Billy. O caráter de Billy é meio duvidoso, quase um delinquente, mas que aos poucos vai melhorando. Ele é bem imaturo e inexperiente com seus poderes.
Como podemos perceber, o Capitão Marvel clássico foi cada vez mais sendo descaracterizado pelos retcons na DC, afastando-se de sua personalidade original Fawcett. A modernização do personagem é necessário para mantê-lo relevante, até porque o público muda com o passar das décadas assim como o teor das histórias (algo que é preciso fazer para os personagens antigos pra não ficar defasado). Mas, no caso do Capitão Marvel é sempre para o pior, sempre para infantiliza-lo. Todas as versões pós-crise da DC seguiu a versão de Roy Thomas. A DC tenta distanciar o Capitão Marvel do Superman, mas é algo que não precisa, afinal os dois se inspiraram (o Capitão Marvel surgiu muito por conta do Superman, é verdade inegável, mas o herói da Fawcett inspirou muito dos elementos embutidos nas aventuras do Homem de Aço), ambos podem brilhar nas mãos de bons roteiristas (ex: Alex Ross e Paul Dini fizeram um excelente trabalho com o Capitão Marvel).
A Warner/DC produziu um documentário sobre a história do herói (que era intitulado "Shazam" na época) desde os tempos Fawcett até os dias atuais e sua comparação com o Superman:
Documentário produzido em 2020 sobre o Capitão Marvel/Shazam pela Warner/DC.